10 junho, 2013

Sem mea culpa


Na semana passada recebi um amigo em casa. A conversa no chat estava boa e decidimos continuá-la cara a cara, esticar o assunto, e nos vermos. Faz bem ver pessoas. Mas a conversa ficou entre jogar futebol, levar no banheiro, dar banho, janta, colocar pra dormir - quebrando a rotina de sempre de historinha, ficar juntinho e adormecer - fazer mamadeira, etc. São mil coisas em 15 minutos, e entre uma pausa aqui e um 'com licença' ali, pedia sempre desculpas. No final, tudo ok, e depois do caçula dormir, varamos umas boas horas conversando. Foi bom. De repente não me sentia mais culpada pelas pausas, mas por outro lado fiquei ponderando a quebra do ritual de dormir, daquele momento gostoso que temos sempre, da historinha, das risadas, de umas conclusões e confissões sobre as coisas.

Conversando com uma amiga que tem um filho pequeno, sempre chegamos ao embate nossos amigos sem filhos x nossa rotina enlouquecedora.

Amigos que te chamam para 'fazer qualquer coisa', mas como não têm filhos, por vezes não conseguem entender como é tão difícil sair dessa esfera maternal, e se chateiam quando dizemos "não".  Com o cotidiano atarefado de coisas nos horários e imprevistos constantes, nossas prioridades mudam e nosso foco de atenção é quebrado constantemente.

Desculpa, amig@s sem filhos, queríamos muito poder 'fazer qualquer coisa', ter um tempo pra jogar conversa fora, sentar no sofá, falar por horas... mas quando surge a oportunidade, muitas vezes, preferimos o silêncio, um cigarro em paz, catar os brinquedos do meio da casa, se refastelar no sofá ou simplesmente - pasmem - tomar um banho completo, com direito a tempo de ação do condicionador e tudo! Não, nós não fazemos isso uma vez por semana, quiçá todos os dias! Tem noites em que paramos, olhamos no espelho e a pergunta crucial é "Será que escovei os dentes hoje?".

Mas o episódio da semana passada me fez ver que, de vez em quando, dá pra quebrar essa rotina. E mais do que isso, que quem é amig@ vai entender, vai te dar licença para limpar um bumbum e colocar pra dormir. Existe uma dinâmica entre pessoas adultas que não pode se quebrar com a vinda dos filhos, indicada inclusive para a saúde mental dos pais.

Basta um pouco de esprendimento de lá, e um pouco de cá também.

Um comentário:

  1. É difícil de ambas as partes mesmo,nós nos "libertamos" sem culpa,e a pessoa do outro lado compreender esse mundo louco e sem pausas.
    E eu me vejo mais louca ainda,quando to por aí...
    E quando as pessoas me questionam sem parar: "Porque você não vem,porque você não está aqui..."

    ResponderExcluir